segunda-feira, 20 de julho de 2009

OS EFEITOS DO LEGALISMO

“Para Jeílson, pastor de uma igreja muito ativa e crescente, o dia começou como tantos outros. Ao acordar pela manhã, ajoelhou-se ao pé da cama e orou. Logo à mesa do café, começaram as muitas preocupações: notícias da congregação que rejeitava o novo obreiro; problemas com o pedreiro na construção do templo; finanças apertadas. No pequeno alpendre da casa pastoral, mais de uma dezena de irmãos já aguardava aconselhamento. As necessidades eram as mais diversas: ajuda para internar o filho doente; a nova convertida, proibida de participar dos cultos, queria saber como contornar a antipatia do marido; um ancião precisava resolver a situação da aposentadoria... Jeílson enfrentava com certa naturalidade aquele amontoado de dificuldades; seu dia-a-dia já era assim há anos. Ele só não se preparara para a notícia que receberia ainda naquelas primeiras horas do dia. "Miriam, sua filha mais velha", relatou-lhe sua esposa, "cortou o cabelo".

Tudo, menos aquilo. Aturdido, sem acreditar no que lhe acontecera, Jeílson abandonou seus compromissos, deixou todos os irmãos esperando no alpendre e correu enfurecido pelo corredor até chegar ao quarto que ficava nos fundos da estreita casa pastoral. Miriam - constatou ele - aparara de fato as pontas do cabelo. Desde a infância de sua filha, Jeílson jamais permitira que uma tesoura tocasse nas mechas castanhas que agora, aos 18 anos de Miriam, já alcançavam a cintura. Totalmente descontrolado, Jeílson perguntou rispidamente, mas sem esperar resposta: "O que você quer comigo? Está querendo envergonhar-me, acabar com o meu ministério?".

Movido por uma ira descomedida, desafivelou o cinto, dobrou em duas voltas e bateu em Miriam até que os vergões se desenhassem em suas costas e pernas. Envolvido pela mesma ira com que a surrava, desabafou: "Não vou tolerar uma desviada dentro da minha casa. Enquanto você morar aqui, não vou admitir que corte seu cabelo novamente, você está me ouvindo?". Ainda ruborizado e com o coração acelerado, voltou ao alpendre para tratar dos seus assuntos ministeriais.

Duas horas depois, recebeu a notícia mais devastadora de sua vida: Miriam havia derramado álcool sobre todo o corpo e ateado fogo. Jeílson correu mais uma vez, agora desesperado, e encontrou no mesmo quarto sua filha agonizando com queimaduras profundas. Naquele mesmo dia, à tarde, Miriam morreu no ambulatório de um hospital.

Embora os nomes e alguns detalhes da história sejam fictícios, ela é verdadeira. Aconteceu em alguma cidade do Brasil. Pior, ela se repete, claro que sem os mesmos extremos quase todos os dias em alguma família evangélica brasileira. Retrata exatamente a severidade com que algumas denominações brasileiras encaram o problema dos usos e costumes”.

A narrativa acima é do livro do Pr.Ricardo Gondim, “É Proibido: O que a Bíblia permite e a Igreja proíbe”. Nela, vemos a que ponto o farisaísmo pode arrastar a alma humana. Baseado nesta história, desejo fazer algumas considerações acerca do legalismo.

O que é Legalismo? A palavra "legalismo" não pode ser encontrada na Bíblia. É um termo que os Cristãos evangélicos usam para descrever uma posição doutrinária que enfatiza um sistema de regras e regulamentos para alcançar salvação e crescimento espiritual. Em relação à disposição de alguns, legalismo é o contrário de ser gracioso, por isso até crentes podem ser legalistas. Muitos crentes legalistas de hoje cometem o erro de exigir uma aderência inadequada às suas interpretações bíblicas e até mesmo às suas tradições. Por exemplo, alguns acham que para serem espirituais precisam evitar ver novelas, filmes ou ouvir músicas seculares. A verdade é que evitar essas coisas não garante a espiritualidade de ninguém.

Para evitar cair no erro do legalismo, podemos começar a aplicar as palavras do apóstolo Paulo em Romanos 14:4, " Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar.” ou 14:14 que diz: "Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus" .

Antes de darmos prosseguimento ao nosso pensamento, necessário se faz um conselho de precaução aqui. Enquanto precisamos ser graciosos uns com os outros e tolerantes do desacordo sobre assuntos disputáveis, não podemos aceitar heresia. Somos exortados a batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos (Judas 3). Se nos lembrarmos dessas diretrizes e então aplicá-las em amor e misericórida, estaremos protegidos contra o legalismo e heresia. "Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo" (1 João 4:1-3).

Qual o motivo dessa minha reflexão? Há dias atrás eu postei aqui, um texto sobre o título “O Valor da Amizade”. No final do texto, como forma de dar ênfase as palavras escritas, foi postado também um vídeo com a música “A Lista” do cantor secular Oswaldo Montenegro, o que foi terrivelmente criticado por uma pessoa que se diz “crente”, nos levando a crer ser tal pessoa totalmente legalista.

E aqui, mais uma vez eu faço minhas as palavras do Pr. Ricardo Gondim: “Quando alguém declara que não ouve `música do mundo´, está afirmando que não reconhece nenhuma pessoa, a não ser os convertidos, com a capacidade de produzir um texto, uma música ou qualquer expressão artística louvável. Essa posição é no mínimo incoerente. Pois essa mesma pessoa lê jornais, revistas, ouve o noticiário e, na escola estuda através de livros escritos por pessoas não cristãs... A própria Bíblia fala de um livro de adágios populares – Povérbios, e nós o reputamos por sagrado”.

E por falar em adágio popular, lembrei-me agora de um velho amigo, empreiteiro na antiga SAELPA, onde eu trabalhei. Esse velho amigo, ensinou-me um adágio que nunca vou esquecer e que diz o seguinte: "O maior prazer de um homem inteligente, é se fazer de idiota, diante de um idiota que se diz inteligente."

Amigos (as)! O Legalismo engana. Muitos pensam que pelo fato de se vestirem de modo diferente ou de se reservarem a ouvir uma música ou assistir um programa de televisão, já compraram a salvação! O que eles não percebem é que ao atuar assim, eles estão se auto-enganando. Ora, se a salvação é de graça e por meio da fé, então toda tentativa de propiciar a Deus no tocante a salvação é heresia e engano. É claro que o cristão deve procurar se vestir adequadamente, pois a santidade inclui sim nosso corpo, mas pensar que o fato de usar saia comprida ou não cortar o cabelo ou não ouvir músicas secular ou não ver TV, lhe faz mas santo que o seu irmão, é burrice. Santidade não é um conjunto de praxes exteriores: é uma vida com Cristo, refletindo ao mundo o seu caráter.

O Legalismo cega. Veja, o caso do pai da moça, supra citado. Ao receber a notícia de que sua filha tinha cortado o cabelo, foi cegado por seu ódio xiita contra tudo aquilo que ele considerava mundanismo. Assim, armando-se de um falso zelo cristão, e ignorando totalmente o mandamento do amor, espancou gravemente a filha. Uma das maiores características do legalista é a ausência de misericórdia no seu coração. Observe o caso da mulher apanhada em adúltério, por exemplo: a turba enfurecida, além de expor a adúltera ao rídículo, arrastando-a pelas ruas da cidade, ainda queriam apedrejá-la até a morte.

Tenho certeza que Jeílson, ao espancar sua filha, pensava que estava fazendo o correto e que era respaldado pela bíblia. Ele era um homem "da bíblia", e podia citar uma série de versículos em cadeia temática para justificar sua atitude, mas era incapaz de amar, compreender e simplesmente perdoar (ainda que, para fins práticos, sua filha não havia cometido nenhum pecado).

O Legalismo mata. Foi ele quem matou a jovem de 18 anos. Não quero entrar na questão do suicídio, e da salvação ou condenação da menina. Deixo isso aos meus amigos fariseus, que são verdadeiros experts em teologia, principalmente no tocante a condenação de todos aqueles que não rezam segundo a sua cartilha de usos e costumes estereotipados. O fato é que, no caso narrado, foi o legalismo quem desencadeou a série de eventos que deu origem a morte da jovem. Este é o caminho inevitável do legalismo: ele conduz a morte. Morre o pregador legalista, em seu equivocado senso de auto-justiça, com uma falsa idéia acerca de si mesmo. Morrem também os seus ouvintes, que acabam comprando essa falsa idéia acerca de Deus, sendo levados em multidão a crer no Deus errado.

Quantos jovens que, semelhantes à moça do texto, foram gravemente feridos na alma por causa de pregações legalistas, do tipo toma-lá-da-cá, nas quais a salvação é obtida mediante o esforço do crente, sendo obrigados a vestir-se como o talibã, tendo seus gostos, sua autonomia, personalidade e vontade claramente violadas, tudo por causa do achismo de pastores que se acham infalíves, que se crêem a última bolacha do pacote e a boca de Deus na terra? Há toda uma geração de desviados das igrejas por causa destas coisas. Hoje estão apartados de Cristo, perdidos no mundo, enfim, mortos! E foi a igreja (instituição) que os matou. A arma do crime? Farisaísmo!

Meus amados amigos (as), em especial os irmãos em Cristo, não estou aqui como dona absoluta da verdade. Sei que erro muitas vezes, e em muitas coisas, e não peço subserviência a minha pessoa, nem que acatem incondicionalmente as minhas idéias.

Este blog, no entanto, foi construído sob a égide do livre-pensamento iluminado pelo Espírito Santo, de modo que a intenção não é impor nada, e sim suscitar o debate acerca das nossas praxes eclesiásticas. Por outro lado, sei que algumas denominações possuem usos e costumes como parte da sua tradição, mas entendo que, à luz da bíblia, a ênfase exagerada em tais práticas transformando-as em meios da graça é prejudicial e herética.

Vamos, portanto, repensar a nossa fé! A reforma não é obra acabada. Sempre há algo novo para aprender, refletir e mudar.
Shalom!!!
Elisabete Casado.

domingo, 19 de julho de 2009

DEUS É FIEL


Há meses atrás Deus colocou diante de mim uma vendedora de planos de Saúde. À princípio, não me interessei, mas, diante da conversa bonita da mulher, me aproximei e decidi fazer o plano para minha filha Isadora.

Com a alegação de não ter doença nenhuma, minha filha não concordou muito com aquilo e tudo piorou quando ela ficou sabendo que o plano de saúde se limitava apenas a um hospital comprado pela instituição , o que motivara aquela promoção.

Tentamos cancelar o plano e felizmente fomos informadas que isto só poderia acontecer um ano depois. Revoltada, continuei fazendo o pagamento mensalmente, até completar o tempo previsto para cancelamento.

Certa noite, acordamos (eu e meu marido), com fortes batidas na porta do quarto, ocasião em que ficamos sabendo que Isadora estava sentindo fortes dores no estômago e aí resolvemos usar o tal plano.

Feito os exames constatou-se que ela precisaria se submeter urgentemente a uma cirurgia de vesícula motivo de tantas dores.

A cirurgia foi feita e para a glória do Senhor tudo foi um sucesso. Hoje eu louvo e agradeço a Deus pelo tal Plano de Saúde e pela Fidelidade de Deus.

Na Sua onisciência, quando Deus colocou aquela mulher, ali, na minha frente Ele já sabia o que iria acontecer e “Agindo Deus, quem impedirá?” (Isaias 43:13)

Coincidência? Não. Foi providência! Com toda certeza, Deus tem um propósito nas nossas vidas e em especial na vida de Isa.

Rick Warren em seu livro – Uma Vida com Propósitos, diz que “Deus determinou cada pequeno detalhe de nosso corpo. Ele deliberadamente escolheu sua raça, a cor de sua pele, seu cabelo e todas as outras características.

Ele fez seu corpo sob medida, exatamente do jeito que queria. Ele também determinou os talentos naturais que você possuiria e a singularidade de sua personalidade. A Bíblia diz: Tu me conheces por dentro e por fora, conheces cada osso do meu corpo; conheces exatamente como fui formado, parte por parte, como fui esculpido e vim a existir.

Uma vez que Deus o fez por um motivo, ele também decidiu o momento de seu nascimento e seu tempo de vida. Ele planejou os dias de sua vida antecipadamente, escolhendo o momento exato de seu nascimento e de sua morte. A Bíblia diz: Antes mesmo de o meu corpo tomar forma humana Tu já havias planejado todos os dias da minha vida; cada um deles estava registrado no teu livro!

Deus também programou onde você nasceria e onde viveria para o propósito dele. Sua raça e nacionalidade não são um mero acaso; Deus não deixou nenhum detalhe ao acaso. Ele planejou isso tudo para o propósito dele. A Bíblia diz: De um só fez ele todos os povos [...] tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar. Nada em sua vida é casual — tudo foi feito em função de um propósito. E o mais incrível: Deus decidiu como você nasceria. Independentemente das circunstâncias de seu nascimento e de quem são seu pais, Deus tinha um plano ao criá-lo(a)".

Seja você quem é... Creia... “Seu nascimento não foi um erro ou um infortúnio, e sua vida não é um acaso da natureza. Seus pais podem não tê-lo (a) planejado, mas Deus certamente o fez. Ele não ficou nem um pouco surpreso com seu nascimento. Aliás, ele o aguardava. Muito antes de ser concebido (a) por seus pais, você foi concebido(a) na mente de Deus. Ele pensou em você primeiro. Você não está respirando neste exato momento por acaso, sorte, destino ou coincidência. Você está vivo (a) porque Deus quis criá-lo(a)!” A Bíblia diz: O SENHOR cumprirá o seu propósito para comigo!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Histórias de Família

“Um dos hábitos saudáveis que as famílias modernas têm perdido é o de dedicar tempo para contar histórias para seus filhos. Menos ainda o de usar momentos íntimos, tais como refeições, finais de semana ou férias, para conversar sobre a origem, fatos pitorescos e até as dificuldades que os familiares, e seus antepassados, viveram ao longo da existência”. Esta é a opinião de Renato Bernhoeft, ao escrever para a revista Valor Econômico (8/5/2006).
No artigo intitulado Histórias da família estimulam o autodesenvolvimento, ele relata extensa pesquisa realizada pela Universidade Emory (Atlanta, EUA), que registrou e classificou as conversas de 40 famílias durante o jantar e encontrou que as histórias contadas podem ter uma influência muito maior do que se imagina na formação da auto-estima e na capacidade de aprendizado dos filhos.
Robyn Fiyush, professor responsável pela pesquisa, conclui que as famílias que contam suas histórias conseguem que seus filhos se saiam muito melhor, tanto na vida pessoal quanto profissional. É que “a história da família tem ligação direta com a auto-estima das crianças e sua capacidade de enfrentar problemas”, diz ele. E tem mais: nem sempre as melhores histórias são as que têm finais felizes. As histórias de parentes às voltas com situações tristes ou difíceis podem passar a sabedoria e a visão do que as crianças precisam para atingir realização e sucesso. As crianças que recebem esse legado familiar tendem a ganhar uma noção de identidade própria em relação a outros membros da família e ao passado, o que gera maior autoconfiança.
Diante dessas “descobertas científicas”, eu fico a pensar em nossa herança judaico-cristã, povoada de histórias. São histórias de família, sem dúvida; da nossa imensa família da fé. Histórias de heróis como Moisés e anti-heróis, como Sansão; de jovens que enfrentaram fornalhas ardentes; do pastor que, pela fé, abateu um gigante; de sábios que edificaram sua casa sobre a rocha e loucos que enterraram seus talentos. De líderes de visão, como Neemias e de filhos problemáticos, como Absalão. Quantas histórias, incorporadas ao nosso patrimônio simbólico desde tenra idade! E sacadas como luzeiros nos momentos de dúvida e indecisão.
Não é de hoje que conhecemos o poder desses relatos sobre a formação da identidade de nossos filhos. Não é de hoje que sabemos que a Bíblia não conta apenas o lado bom, os grandes feitos, mas também os erros e vícios e suas conseqüências. Não é de hoje que aprendemos a inserir nossas próprias histórias no contexto dessa nuvem de testemunhos, fazendo-nos parte dela; fazendo dela argamassa da nossa biografia pessoal.
Quando penso em quem sou, não tenho como separar todo esse legado de minha própria biografia. Em grande medida, eu sou produto dessa construção milenar. A história da família de Deus é a minha história.
Hoje, sem saber, a ciência descobre o que para nós tem sido mandato solene e imemorial: “tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te” (Dt 6,7).
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Texto extraído do link de Rubem Amorese

sábado, 4 de julho de 2009

O Valor da Amizade

Quando eu olho ao meu redor, vejo com alegria que a vida me concedeu uma grande rede de amigos. São irmãos na fé, muitos mais chegados que irmãos carnais, e que de repente fazem parte de nossa vida o que é muito agradável. São amigos que muitas vezes não comungam da mesma fé que eu, com outros ideais de vida, com outros pensamentos, mas que carrego no peito, muito bem guardado do lado esquerdo, no coração. Enfim... são muitos os amigos que fazem parte do meu rol de amizades. E na amizade, segundo Platão – cintila um pouco do mistério de Deus.

Amizade é coisa que não se pode fabricar... Portanto, cultive a amizade daqueles que o Senhor colocou em sua vida como canal de bênção.

Nós, não somos perfeitos e temos muitas falhas. Mas a Bíblia nos dá amigos “mais chegados que irmão” (Pv 18.24). E é muito bom ter amigos... Amigos, que “ama em todo o tempo” (Pv 17.17).
Conta-se que numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio.
Várias crianças tiveram morte instantânea. As demais ficaram muito feridas... E entre elas, estava uma menina de oito anos, em estado grave.
Ela precisava de sangue, urgentemente...
Com um teste rápido descobriram seu tipo sangüíneo, mas, infelizmente, ninguém na equipe médica era compatível.
Chamaram os moradores da aldeia e, com a ajuda de uma intérprete, lhes explicaram o que estava acontecendo.
A maioria não podia doar sangue, devido ao seu estado de saúde. Após testar o tipo sangüíneo dos poucos candidatos que restaram, constataram que somente um menino estava em condições de socorrê-la.
Deitaram-no numa cama ao lado da menina e espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quietinho e com o olhar fixo no teto, enquanto seu sangue era coletado.
Passado alguns momentos, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O médico pediu para a intérprete perguntar a ele se estava doendo. Ele disse que não.
Mas não demorou muito, soluçou de novo e lágrimas correram por seu rostinho.
O médico ficou preocupado e pediu para a intérprete lhe perguntar o que estava acontecendo. A enfermeira conversou suavemente com ele e explicou para o médico porque ele estava chorando:
- Ele pensou que ia morrer. Não tinha entendido direito o que você disse e estava achando que ia ter que doar todo o seu sangue para a menina não morrer.
O médico se aproximou dele e com a ajuda da intérprete perguntou:
- Mas se era assim, porque então você se ofereceu para doar seu sangue?

- Porque ela é minha amiga.

Em seu livro - O Pequeno Príncipe, Exupéry conta a história de um principezinho que morava em um planeta do tamanho de uma casa.
Um dia, ele resolve partir numa jornada que o levou através de vários planetas até aterrissar na terra.
No caminho, o principezinho conhece vários personagens peculiares como o rei, o vaidoso, o bêbado, o empresário, o acendedor de lampiões, o geógrafo, a serpente, a raposa, o vendedor, o manobreiro, e o aviador.
Mas, foi a amizade entre ele e a raposa que para mim definiu perfeitamente a amizade.
No seu diálogo com a raposa, diz assim a raposa ao principezinho: “A gente só conhece bem as coisas que cativou.

Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.

Compram tudo prontinho nas lojas.

Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos”.
Continuando, ela diz: “Se tu queres um amigo, cativa-o!”

Com toda certeza, aquela menina havia cativado a amizade daquele menino...
A Bíblia também nos dá exemplos de muitos amigos que foram cativados um pelo outro.
1. Davi e Jônatas... A Bíblia diz que quando Davi soube da morte do seu amigo Jônatas, exclamou: Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; muito querido me eras! (II Sm 1:26)
2. Noemi e Rute – Sogra e Nora. A Bíblia diz que Noemi tinha duas noras: Orfa e Rute. Ambas eram viúvas. Mas, quando aconselhadas por Noemi, para voltarem para os seus familiares... Somente Rute responde: Não me peças que te abandone e deixe de seguir-te. Porque aonde quer que tu fores, irei eu; e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu, e ali serei sepultada. Assim me faça o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. (Rute 1:16-17)
3. Em II Tm.1:16-17, Paulo fala de seu amigo Onesíforo dizendo: O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes ele me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias; antes quando veio a Roma, diligentemente me procurou e me achou...
O amigo verdadeiro, não se envergonha das fraquezas do outro... Paulo era um encarcerado, mas, mesmo assim, Onesíforo, seu amigo o respeitava.
SER AMIGO É SABER RESPEITAR A MANEIRA DO OUTRO AMIGO SER, AGIR ou PENSAR E FALAR !
No final da carta aos romanos, Paulo, ainda se desmancha em elogios a alguns amigos que lhe foram úteis, como Priscila, Áquila, Epêneto, Andrônico, Júnias, Ampliato, Estáquis, Rufo e muitos outros.

É muito bom ter amigos! No entanto, a vida nos apresenta milhares de pessoas...
E cada uma delas vem cumprir um papel nas nossas vidas...
Alguns ficam na nossa memória, nos nossos hábitos, nas nossas fotos, nos nossos guardados...
Eu por exemplo, tenho saudade de todas as amigas que já tive na vida, mesmo aquelas que me machucaram e as que foram machucadas por mim...
E relembro com tristeza, as amigas que eu não soube cativar. Segundo a raposa do principezinho, “para cativar, é preciso ser paciente”... Eu não fui paciente e por isso, as perdi.
• Tem aquela que chora muito, que critica você a cada cinco minutos, aquela que sabe de tudo e aquela melosa, que gosta de abraçar e mandar recadinhos de amor...

• Aquela pra quem você conta todos os seus segredos e sente que foi entendida, e sai aliviada.
• Aquela que te dá broncas e manda você parar de roer as unhas.

• Aquela que não tem vergonha de dizer que te ama.

• Aquela que passa com você o momento mais difícil da sua vida.

• Aquela que liga todos os dias... E aquela que nunca liga...
• Tem também aquela que apóia as suas loucuras. E a outra que reprime você em quase tudo.

• Tem aquela idealista, com quem você discute horas os problemas existenciais da humanidade.

• Aquela que só liga no dia do seu aniversário, e que mesmo assim você a ama.
• Aquela que parece sua mãe, e vive pra lhe dar conselho...
• Aquela de quem você sente muito ciúme.

• Tem também aquela por quem você sente um carinho enorme desde a primeira vez que viu.

• Aquela que você odiou no começo, mas depois passou a amar...
• Aquela que irrita, mas que você não imagina a vida sem ela.

• Aquela que organiza uma festa surpresa pra você. Mas, também tem aquela que faz as festas e não lhe convida e mesmo assim você admira...

• Aquela que defende você de tudo e de todos.

• Aquela que paga coisas pra você quando você está sem dinheiro.

• Aquela que sempre lhe traz um presentinho.

• Aquela que chora a sua dor.

• E aquela que é uma irmã pra você.

• E tem também a melhor amiga, aquela, que é simplesmente aquela.


Para finalizar, deixo aqui uma música... Não é uma música evangélica, mas, espero que cada pessoa que passe por aqui possa fazer uma reflexão na letra dessa música.


quinta-feira, 2 de julho de 2009

O PROBLEMA DO SOFRIMENTO

Desde a mais tenra idade, homens e mulheres têm procurado encontrar sinais da presença de Deus, em meio ao sofrimento. E o sofrimento tem se tornado um dos maiores desafios à fé cristã. Onde está a justiça de Deus, diante de tantas catástrofes? Terremotos... Doenças... Estupros... Assassinatos... Como aconselhar uma pessoa portadora do vírus de HIV ou como falar da justiça de Deus a uma menina de apenas dez anos de idade que engravidou do próprio pai?
Em 1º de novembro de 1755 na cidade de Lisboa capital de Portugal, houve um devastador terremoto...E aquele dia era o que os portugueses, na sua grande maioria católica, chama de dia de todos os santos. Isto significa dizer que em 1º de novembro de 1755, as igrejas de Lisboa estavam completamente superlotadas. Mas, de repente em apenas 6 minutos... Milhões de pessoas que estavam dentro destas igrejas foram mortas. Mais ou menos, 30 igrejas foram destruídas em poucos minutos... Igrejas de várias denominações foram destruídas... Igrejas que levaram cem anos para serem construídas... Igrejas que haviam custado o sangue de gerações foram destruídas em apenas alguns minutos.
Atordoada com a notícia, a Europa que ainda respirava as ameaças do iluminismo se desesperou... Foi aí que os filósofos começaram a se levantar. O mais famoso deles foi Voltaire, que sabedor do acontecido disse: “Como é que vocês ainda podem acreditar na bondade de Deus... como é que vocês que viram seus parentes e amigos mortos dentro de uma igreja, ainda podem crer na bondade de um Deus assim”? Ele escreveu isso, num poema de sua autoria, acerca do “Desastre de Lisboa”. E neste poema, Voltaire pergunta: “Se Deus é justo, se Deus é bom porque é que sofremos sobre o seu governo”? E o grito de Voltaire invadiu o mundo. Invadiu as Universidades... Invadiu o pensamento... Invadiu as Igrejas... E a partir do grito de Voltaire, muita coisa começou a mudar. O ateísmo disparou como filosofia... O existencialismo disparou como filosofia do absurdo... Mas, a pergunta de Voltaire, não é somente a pergunta de Voltaire... É a pergunta de todos nós... Quem nunca questionou Deus diante de uma perda... Diante de uma oração não respondida... Diante de uma tragédia? Se Deus é justo, livre e bom, porque é que Ele nos deixa sofrer? Esta é a pergunta que não quer calar!
O fato é que o sofrimento existe... E qual é na perspectiva Bíblica, o motivo de tanto sofrimento?
Esse é um tema que levaria muito tempo para ser esmiuçado. Mas, vejamos o que a Bíblia, nossa regra de fé prática, tem a nos dizer sobre isso...
• A Bíblia ensina que o sofrimento, pode ser originado por forças que estão além de nós... E isto fica bem claro, quando a gente ler o livro de Jó. Ali estava um homem bom, reto e temente a Deus... Que não era um prostituto da humanidade... Que não era mal, mas que sofreu como ninguém jamais sofrera. E a Bíblia diz que todo sofrimento de Jó foi resultado de uma ação concreta de satanás. E ao longo da Bíblia, nós vamos encontrar forças estranhas que oprimem homens e mulheres levando-os ao sofrimento físico e emocional. (Basta ler os evangelhos, por exemplo).
Paulo, o apóstolo, diz que trazia uma espinho na carne que ele chamou de “mensageiro de satanás” e que tanto poderia ser um defeito físico, como uma doença... Ninguém sabe!
• A Bíblia também ensina que o sofrimento é causado pelo pecado... Mas que pecado? Pode ser pelo nosso pecado... Mas também poderá ser pelo pecado dos outros, como é o caso da pedofilia... das pessoas que são vítimas de motoristas embriagados, adolescentes que foram vítima da covardia de um mal caráter...
• O sofrimento também pode ser causado pelas injustiças sociais... Enfermidades... Desemprego, etc. Vários outros motivos são causadores de sofrimento...
De maneira que a causa do sofrimento tem sido um dos maiores desafios à fé cristã, principalmente porque a maioria das pessoas em meio ao sofrimento tendem a se sentir abandonadas por Deus e é nesse momento que precisamos estar preparados para ajudá-los a enfrentar a crise, não julgando nem fazendo perguntas, mas recorrendo ao Espírito Santo de Deus que intercede por nós até com gemidos inexprimíveis (Rm.8:26).
É nesse momento que precisamos encontrar as diretrizes certas, para aconselhar sem medo, culpa e vergonha, ensinando que embora o nosso corpo reaja a dor e ao sofrimento, a Cruz de Cristo nos ensina a transformar todos os momentos de sofrimento num momento de profunda paciência e espera.
A Bíblia diz que Jesus suportou a Cruz... E Ele quer que com Ele sejamos capazes de suportar o fato inevitável do sofrimento... Não fugindo para o momento fantasioso das drogas... da bebida... da prostituição... Mas encarando com resignação e paciência , a dor e o sofrimento.
Uma das histórias mais chocantes que eu já ouvi, foi a de um menino no campo de concentração na Alemanha. Ali, o menino viu seu pai sendo enforcado pelos nazistas e ele agarra na mão do seu tio...Um menino de apenas sete anos de idade... Agarra na mão do tio e diz: Tio, onde está Deus? E o tio olhando para o pai enforcado do menino responde: “Meu filho, olhe para lá... Deus está ali, enforcado com seu pai”.
É preciso mostrar ao mundo que “O mesmo Deus que nos permite sofrer, é o mesmo Deus que um dia sofreu em Cristo”. É preciso entender que quando estamos de joelhos no chão, clamando pelo sofrimento dos nossos filhos, dos nossos amigos... Não estamos sozinhos... Ele... Deus... Estará ali de joelhos conosco...Quando estamos nos sentindo injustiçados, Deus vai estar da mesma maneira, injustiçado conosco.
Numa de suas pregações, o Pr. Estevão foi categórico em afirmar , que: Onde quer que formos, Deus chega antes... Deus estará sempre conosco... Jamais nos deixará sozinhos.
E como ilustração, eu deixo registrado aqui, um texto exposto no livro do Dr. Sttot “A Cruz de Cristo”. Nesse texto ele faz narração de uma peça que tem como título “O grande Silêncio”.
Essa peça, fala que nos fins dos tempos, bilhões de pessoas estavam espalhados numa grande planície diante do trono de Deus... Havia ali, muitas pessoas diante de Deus... E alí, Deus estava em julgamento... Ali, Deus era réu.
E um judeu se levantou... Rasgou a blusa, mostrou o nº do campo de concentração, olhou para Deus e disse: “Nós suportamos o terror, os espancamentos, a tortura, a morte... Olha aqui... E tu, oh! Altísismo, onde estavas?
E aí um negro se levanta e diz: Oh! Altíssimo, nós fomos linchados, perseguidos, as nossas casas foram queimadas, os nossos bebês incendiados, pelo único crime de ser preto, e onde Altíssimos, tu estavas?
Uma colegial grávida se levanta e diz: Porque é que eu devo sofrer, oh! Altíssimo? Não foi culpa minha... Fui estuprada...
E assim, sucessivamente, uma criança com síndrome de Dawn... Uma pessoa de Hiroxima... Todos se levantavam... Perguntavam e reclamavam de Deus – “Tu, estivesses no teu trono todo tempo... Hoje, nós é que vamos te sentenciar... Hoje, nós... O judeu, o negro, a menina grávida, a pessoa de Hiroxima... Hoje, nós é que vamos ser os teus julgadores...”
E eles prolataram a sentença e a sentença foi a seguinte: “Tu, vais sofrer o que nós sofremos... Que tu nasça judeu, que haja dúvida acerca do teu nascimento, que se lhe dê um trabalho tão difícil que ao tentar realizar até a tua família, pensará que estás louco. Que tu sejas traído como nós, pelos teus amigos mais íntimos. Que encontres acusações falsas, que tu sejas julgado por um jure preconceituoso e que sejas condenado por um juiz covarde... Que sejas torturado e finalmente que tu conheças o terrível sentimento de estar sozinho... E aí, então que tu morras!”
Foi esta a sentença que eles deram para Deus.
E quando eles acabaram de pronunciar a sentença, ouve um longo silêncio!
Ninguém se moveu. Sabe por quê? Por que de súbito, todos eles entenderam que Deus já havia cumprido na vida e na Cruz de Cristo toda aquela sentença.
É isso aí... Em Cristo, na Cruz, Deus nos ensina que “toda dor, mesmo as imerecidas, encontrarão guarida no Seu Coração”.
 
Bete Casado

ÉTICA, SOCIEDADE E CULTURA

Viver na geração atual é experimentar sensações; quanto mais forte e intensa melhor. Nada de sentimento de culpa, nada de bem e mal, nada de valores. Para a geração atual, nada é absoluto, nada é sacrossanto. Tudo é relativo. É como se as coisas se encontrassem num supermercado... Disponível... Que você vai lá e pega. A pós-modernidade atesta a falência dos valores modernos. O conhecimento secular abriu novas perspectivas. Produziu informações... Multiplicou escolas e Universidades... Mas, não resolveu a crise de formação dos intelectuais. A maioria das pessoas está vivendo o modelo de vida apresentado pelas novelas, pelos comerciais de tevê. Nunca tivemos uma indústria de laser tão grande e diversificada, com opções como a TV, a Internet, os esportes, a moda, o turismo, mas a humanidade nunca foi tão triste e sujeita a tanta doença psíquica e emocional. Por isso, embora algumas pessoas digam que na prática, ética e cultura se achem fora de moda eu deixo aqui mais um dos meus textos que tem como tema Ética, Sociedade e Cultura.
Com base no pensamento de OLIVEIRA, Manfredo Araújo, sobre o fato de que “ enquanto ser da liberdade, o ser humano é o ser da decisão” O Prof. Dr. Valério Guilherme Schaper, no seu texto didático sobre Ética, argumenta que como “o nosso mundo é aberto”, “precisa ser modelado pela nossa atividade” . Atividade esta, que na sua totalidade, ele chama de “Cultura”. Segundo ele, “cultura é criação social”, ou seja, “é o resultado de soluções e respostas criativas que indivíduos deram diante de situações que a vida colocou e sua origem está na exteriorização criativa das gerações que nos precederam”. Ao nascerem, os indivíduos, entram em relação com esta exteriorização dada, assimilando-a e contribuindo com novas perguntas e novas soluções. Essas soluções podem ser técnicas ou paradigmáticas.
Por outro lado, quando a cultura passa a exercer um poder coercitivo, os que não compartilham de determinadas normas ou valores são considerados anormais, entrando em cena alguns mecanismos de punição gerando “medo e insegurança”. De maneira, que somente em nome da tradição e na crença forte de que “progresso conduz a um amanhã melhor”, é que a ordem poderá ser legitimada.
Com base, porém, na palestra sobre “ A Ética e a Formação de Valores na Sociedade” ministrada por Leonardo Boff em 12 de junho de 2003, na Conferência Nacional 2003 - Empresas e Responsabilidade Social, promovida pelo Instituto Ethos, em São Paulo, três eixos são fundamentais na crise que afeta todas as sociedades do mundo. O primeiro diz respeito à pobreza, à miséria, ao que podemos chamar de apartação social. Basta lembrar que se desenvolve em todo o mundo um processo devastador de Apartação Social, onde seres humanos gritam querendo viver, participar, e cada vez mais repudiam o veredicto de morte que pesa sobre sua vida. Como exemplo ele cita o Brasil, fazendo um alerta aos empresários no sentido de que encontrem uma saída, de modo que se possa dar um salto de qualidade e gerar um Brasil de “outros quinhentos”, um país com um novo rosto, com mais justiça e inclusão social.
Como segundo eixo, ele cita o sistema de trabalho. Em quase todas as sociedades, há uma grave crise de emprego. Como solução ele sugere que seja criado um outro tipo de relação social de relação com a natureza, de maneira que as pessoas não se sintam excluídas. Tudo isso, segundo ele, suscita um enorme problema ético.
O terceiro eixo da crise, que também levanta questões éticas, está no que se pode chamar de alarme ecológico. A Terra sofre um estresse fantástico em todos os seus Ecossistemas e dois pontos contribuem para esse “estresse fantástico”: a falta de alternativas para a energia fóssil e a crise da água potável. Segundo ele, “é preciso elaborar uma nova benevolência, um novo tipo de relação com a natureza, cujo desenvolvimento não se faça contra ela, mas com ela, e que haja uma percepção de justa medida da escassez de seus recursos. Caso contrário poderemos ir ao encontro do pior”.
Mencionando que os problemas são globais e demandam uma solução global, ele, dá ênfase ao fato de que precisamos de uma nova base para as mudanças necessárias as quais deverão apoiar-se na essência do ser humano já que somos seres racionais. Isso, no entanto, só será possível quando resgatarmos “o eros, o sentimento profundo, como condição mínima para estabelecermos um consenso ético mínimo entre os seres humanos”, A razão não é a base da existência humana, mas aponta o caminho para a afetividade que são Vigor e ternura. Trabalho e cuidado. Empenho transformador e o habitar o mundo com sentimento, poesia, alegria, jovialidade, amizade, amor. É preciso, diz ele, elaborar uma ética do cuidado, que funciona como um consenso mínimo a partir do qual todos possamos nos amparar e desenvolver uma atitude cuidadosa, protetora e amorosa para com a realidade.
Junto com a ética do cuidado impõe-se uma ética da solidariedade. A solidariedade e a cooperação é que permitiram a sociabilidade, o surgimento da linguagem, e definem o ser humano como sócio, como companheiro — filologicamente, aquele que comparte o pão. Somos, portanto, seres de solidariedade.
Finalmente, ele fala da ética da responsabilidade. Essa ética diz o seguinte: ‘“Aja de tal maneira que sua ação não seja destrutiva. Aja de tal maneira que sua ação seja benevolente. Ajude a vida a se conservar, a se expandir, a irradiar”’.
O que eu entendo de tudo isso? Que na realidade, o mundo no qual vivemos é uma rede de relações nas quais o “eu” está inserido e não o contrário. Dessa maneira, precisamos reconhecer quem somos valorizando o meio em que vivemos, marcando procedimentos que deverão ser seguidos para se chegar a resultados justos. É preciso reconhecer, por exemplo, que temos a responsabilidade de preservar a água potável para as gerações futuras. Sabemos, no entanto, que são corruptos aqueles que desviam o dinheiro público e que não podem ser punidos porque não há provas o suficiente para se iniciar o processo.
Por isso, concordo plenamente com o autor, quando ele diz que “se olharmos a magnitude dos problemas, nós nos sentiremos impotentes”. Mas, será que ele também está certo quando diz que “se começarmos conosco mesmos, a mudança que fizermos não ficará restrita a nós”. Espero em Deus que sim. Que “o bem que fizermos contamine”!
Bete Casado