sábado, 30 de outubro de 2010

DOR REPETIDA

Num espaço de trinta dias... Perdi minha mãe e minha sogra. Totalmente sem inspiração e sem palavras, peço licença a autora das palavras abaixo para postá-las neste cantinho.

O texto que tem como título, Ninguém tem nada com isso, diz o seguinte:

Já disse Quintana: O pior dos nossos problemas é que ninguém tem nada com isso. Eu sempre enxerguei inúmeros significados para essa frase. Implícitos. Ela abrange muita coisa. Inclusive aborda os "limites" da solidariedade humana. Sim, ela existe. E eu a conheço bem de perto. Vejo muita gente solidária, que tem empatia pelo outro, pela dor alheia. Enfim, gente boa. Gente que se importa com os outros.
Mas ninguém vive a dor no lugar do outro. Ninguém. Cada dor é única, assim como as nossas digitais. Ninguém sente igual, sangra igual. Cada um tem sua intensidade e expressão próprias. É a identidade pessoal do sofrimento. E a isso não cabem julgamentos. Aliás, odeio os julgamentos, principalmente aqueles que são pré-formulados, com base em ambiguidades. Como o luto.
O luto é inexplicável para mim. O Aurélio diz tão pouco. Entre seus dizeres, havia "consternação". Não, não. É algo muito mais abrangente do que apenas a dor pela perda. Recruta consigo muitas outras coisas. Grandes, pequenas, imensuráveis. Coisas que se unem, que se separam. Coisas que dependem umas das outras, interligadas. Uma verdadeira rede.
E é tempo de luto pra mim. E luto sempre traz muitas lembranças, muitas coisas vêm à tona. Coisas esquecidas, coisas antigas. Aquelas bem do fundo do baú da alma. E junto com a usual tristeza, traz arrependimento para alguns, amarguras, abre feridas adormecidas. E de nada adianta. Não adianta remoer, especular, se debulhar em lágrimas ou até mesmo querer deixar de viver. Não traz de volta quem se foi. Apenas pode trazer um pouco de alívio à dor, mas sequer a extingue. Serve somente para atenuar o coração que chora (às vezes)...
Em mim, o luto tem um efeito de reclusão junto aos meus pensamentos. E eles divagam muito, mas sempre me pergunto sobre as verdadeiras razões da existência. É inevitável.
A única certeza é a morte. Mas ninguém compreende e nem aceita. Ninguém fica esperando alegremente. Ela é completamente "desacreditada". Ninguém quer vê-la. E na verdade, é sempre uma surpresa. Sempre. Ainda mais quando ela se repete em tão pouco tempo. Uma pena.
"E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu." *Eclesiastes 12:7*

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Extraído do Blog http://roubando-palavras.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Olá vim conhecer seu blog, e me apaixonei pelos textos...Pelas reflexões enfim...por tudo em seu blog. Voltarei sempre..
    Bjs

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