quinta-feira, 6 de agosto de 2009

VIA DOLOROSA

Vimos no texto anterior, segundo os evangelhos, qual era a reação da casta religiosa sobre a pessoa de Jesus, antes da sua crucificação. Na realidade, Jesus não era nada daquilo que os judaizantes... Os gregos ou romanos diziam dele... Mas, o fato é que decidiram acabar com Ele.
· No tribunal judaico apresentou-se uma acusação teológica contra Ele – Blasfêmia – Os judeus não admitiam o fato de Jesus ter declarado ser “Deus” – O judaísmo pregava o Monoteísmo (Dt.6:4).
· No tribunal romano a acusação era política, sedição(motim, revolta).
Mas quer seu delito tenha sido visto como contra Deus ou contra César, o resultado foi o mesmo. Jesus foi considerado uma ameaça à Lei e à ordem e morreu como um criminoso, mas, na realidade, como vítima de mentes medíocres e como mártir de sua própria grandeza.
DE MODO QUE O LIQUIDARAM.
· Quem foi, portanto, responsável pela execução de Jesus?
· Quem são os suspeitos?
· Será que a morte de Jesus poderia ter sido diferente?
· E nós, até que ponto estamos envolvidos na sua morte?
Vamos analisar, então?
Um dos aspectos fascinantes que os escritores dos Evangelhos fazem do julgamento de Jesus é que tanto no tribunal judaico como no tribunal romano seguiu-se certo procedimento legal:
·A vítima foi presa, acusada e examinada e chamaram-se testemunhas. Então o juiz deu seu veredicto e pronunciou sua sentença.
·Os evangelistas também esclarecem que o preso não era culpado das acusações, que as testemunhas eram falsas, e que a sentença de morte foi um horrendo erro judicial.
O motivo desse erro, porém, foi a presença de fatores pessoais e morais que influenciaram a execução da lei. Quais?
· Caifás, sumo sacerdote judaico e,
· Pilatos, governador romano, não eram oficiais da igreja e do estado, no cumprimento e execução dos deveres oficiais...
Eles eram seres humanos decaídos e falíveis, levados pelas paixões sombrias que governam a todos nós.
A pergunta continua... Quem foi responsável pela execução de Jesus?
Durante o nosso estudo, nós vamos tentar responder. Vamos seguir o exemplo dos apóstolos... Vamos tentar ver tudo à Luz da Bíblia e da história.
QUEM FOI O CULPADO?
Soldados?
Pilatos?
Sacerdotes?
Judas?
POR QUE JESUS MORREU?
Vamos começar pelos SOLDADOS ROMANOS- Culpados ou Inocentes?
Os evangelistas dizem que os soldados romanos executaram a sentença. Todavia nenhum dos quatro descreveu o processo de crucificação. De modo que se tivéssemos de depender exclusivamente dos evangelhos, não saberíamos o que de fato aconteceu. Precisamos então, recorrer aos fatos históricos, onde documentos contemporâneo, nos dizem como era feito a crucificação.
· Após a condenação, o prisioneiro era despido e humilhado publicamente.
· Era costume chicotear a vítima com o flagellum (Chicote de línguas de couro com pequenos pedaços de metal ou de osso)
· No caso de Jesus, Pilatos talvez tenha ordenado que isso fosse feito em primeiro lugar, esperando talvez comover a multidão, conforme João 19:1
· Em seguida, o criminoso, era obrigado a carregar a travessa da cruz conhecida por patibulum até o local de sua tortura e morte, local esse que sempre ficava fora da cidade, enquanto um arauto levava a sua frente o título, isto é, a acusação escrita.
· Após chegar ao local da crucificação, o prisioneiro era forçado a deitar-se de costas no chão, suas mãos eram pregadas ou atadas ao patíbulum ou braço horizontal da cruz.
· A cruz, então, era erguida e jogada num buraco escavado para ela no chão. Em geral providenciava-se um assento rudimentar a fim de receber um pouco do peso do corpo da vítima para que não se rasgasse e caísse. E ali ficava o crucificado, pendurado, exposto a intensa dor física, ao ridículo do povo, ao calor do dia e ao frio da noite. Muitas vezes, esta tortura, durava dias.
Na Judéia, antes das execuções, vinho misturado com mirra, era dado aos condenados por uma associação de mulheres judias obedientes às palavras de Pv. 31:6. E embora a crucificação de Jesus, não tenha sido detalhada pelos evangelistas, há evidencias de que, Jesus recusou qualquer forma de alívio para seus sofrimentos. Sem dúvida para que pudesse preservar clareza mental até o fim ao fazer a vontade do pai. Isso explica o fato de que foi capaz de consolar o ladrão moribundo (Mt.27:34).
As mortes eras apressadas, pelo crurifragium, isto é, a fratura dos ossos das pernas, como aconteceu com os dois ladrões. Mas, com Jesus, isto não aconteceu. Deus não permitiu. Jesus morreu antes de mais esta selvageria. Entretanto, uma lança foi enfiada em seu lado, para tornar certa a sua morte.
Os evangelistas não oferecem nenhum detalhe sobre a crucificação de Jesus... Eles dizem apenas que o crucificaram...Isto é, os soldados romanos, executaram o seu horrendo dever e não há nenhuma evidencia de que eles tenham tido prazer nisso. Eles apenas obedeceram a uma ordem. Fizeram o que tinham que fazer... Lucas, no entanto, nos diz que, Jesus continuava a orar em voz alta: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc.23:34). Os evangelhistas, ao contrário do que se poderia imaginar, parecem sugerir que nenhuma culpa tinham os soldados romanos. (Acrescentam que mais tarde o centurião responsável por eles creu, ou pelo menos creu).
Já com Pilatos, a coisa muda de figura(Jo.19:16). Os evangelistas dizem que Pilatos entregou Jesus para ser crucificado. Pelo menos, o Credo dos apóstolos declara que Jesus foi “crucificado sob Pôncio Pilatos”.
PILATOS – Culpado ou Inocente?
Quem era Pilatos?
Pilatos foi nomeado governador romano da província fronteira da Judéia pelo imperador Tibério e serviu durante dez anos – de 26 a 36 d.C.
· Ele adquiriu fama de hábil administrador e tinha senso de justiça tipicamente romano.
· Os judeus, porém, o odiavam, porque ele os desprezavam. Eles não se esqueciam de seu ato de provocação, no início de seu governo quando exibiu os estandartes romanos na própria cidade de Jerusalém.
Josefo (Flávio Josefo foi um escritor e historiador judeu que viveu entre 37 e 103 d.C, escreveu a obra que se tornaria, depois da Bíblia, a maior fonte de informações sobre os impérios da Antiguidade, o povo judeu e o Império Romano) – E ele descreve que Pilatos desapropriou dinheiro do templo a fim de construir um aqueduto. Muitos acham que foi durante o motim que se seguiu que ele misturou sangue de certos galileus com os seus sacrifícios conforme Lucas 13:1. Estas são algumas amostras do temperamento esquentado de Pilatos.
À medida que as investigações prosseguiam, os evangelistas ressaltaram alguns pontos muito importantes sobre as reações de Pilatos.
Como governador romano, Pilatos quis agradar os judeus, entregando-lhes Jesus(Mc. 15:15).
Pilatos estava convicto da inocência de Jesus (Lc.23:4; João 18:38; Jo. 19:4-5). Pilatos, negou-se inclusive, a atender o pedido da esposa para que não se envolvesse com Jesus(Ver Mt.27:29).
Em alguns momentos, Pilatos agiu de modo a transferir sua responsabilidade para os outros (Lucas 23:5-12).
Pilatos lava as mãos, indicando que não queria se envolver com o problema: Ver Mt.27:24 .Todavia, é bom lembrar que em nenhum momento Pilatos se mostrou disposto a livrar Jesus da morte. Ele preferiu agir covardemente e da maneira, mas conveniente para ele.
Foi muito conveniente para ele entregar Jesus ao povo de forma covarde.
A ESCOLHA ERA ENTRE A HONRA E A AMBIÇÃO, ENTRE O PRINCÍPIO E A CONVENIÊNCIA.
A multidão venceu. Porque? Ver Jo. 19:12 - Daí em diante Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamaram: Se soltares a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César.
Pilatos já estivera em dificuldades com Tibério César em duas ou três ocasiões e não podia arcar com mais uma.
Claro que Jesus era inocente, mas ele não podia perder o favor imperial e aí ELE FEZ CONCESSÃO POR SER COVARDE(Lc. 23:22-25). O que significa dizer que Pilatos agiu por CONVENIÊNCIA.
E os SACERDOTES? Culpados ou Inocentes?
Em nenhum momento os sacerdotes fizeram qualquer tentativa para livrar Jesus. E, embora não possamos exonerar a Pilatos, certamente podemos reconhecer que ele se encontrou numa situação difícil, e que foram os sacerdotes, os líderes judaicos que o colocaram ali. Porque?
Porque foram eles quem entregaram Jesus a Pilatos para ser julgado. Foram eles quem acusaram Jesus de ensino subversivo e quem atiçaram a multidão para que exigissem que Jesus fosse crucificado. Por isso em João 19:11, está escrito que Jesus disse: “Quem me entregou a ti, maior pecado tem”. (Ora, nós sabemos que não existe pecado maior do que outro. Nesse texto, Jesus estava falando de culpa, ou seja, quem me entregou a você, Pilatos, é muito mais culpado do que você mesmo...)
Se voltarmos para os evangelhos, veremos que desde o início, Jesus, indignou os líderes religiosos do seu tempo.
Jesus, era todo irregular:
Deixa-se chamar de Mestre e eles que se consideravam os Mestres, Jesus os taxava de hipócritas, guias de cego e sepulcros caiados – por fora se mostram belos e por dentro estão cheios de ossos mortos e toda imundícia...
Jesus comia com os publicanos, enquanto eles menosprezavam os publicanos...
Jesus curava aos sábados, enquanto eles eram servos do sábado...
Quando eles questionavam Jesus, Jesus os deixava sem argumentação... (Como foi o caso sobre o divórcio, da mulher adúltera e da pecadora...)
Enquanto Jesus tinha autoridade para curar, expulsar demônios e perdoar pecados, os sacerdotes não tinham este tipo de poder...
E aí os sacerdotes decidiram eliminá-lo!
O nome que se dá a esse tipo de comportamento dos sacerdotes, é simplesmente: INVEJA.
JUDAS –
Culpado ou Inocente?
Tendo visto como os sacerdotes entregaram Jesus a Pilatos e como Pilatos o entregou aos soldados, vamos agora examinar como, para começar Judas entregou Jesus aos sacerdotes.
Essa entrega é especificamente chamada de “traição”.
E a noite da quinta-feira, da semana chamada Santa, será sempre lembrada como a noite em que Jesus foi traído(I Co. 11:23).
Portanto, à semelhança dos sacerdotes, nada existe na atitude de Judas que possa beneficiá-lo ou inocentá-lo em relação à morte de Jesus.
Quer Judas tenha sido vítima da Predestinação ou não, o fato é que entre Jesus e o dinheiro, ele escolheu o dinheiro.
De modo, que o que levou mesmo Judas a trair Jesus, foi o DINHEIRO.
A Pergunta continua: Por que Jesus morreu? Quem é responsável pela morte de Jesus?
1. Judas o entregou aos sacerdotes por causa da ganância... E, o entregou por DINHEIRO.
2. A seguir, os sacerdotes o entregaram a Pilatos, por causa da INVEJA.
3. Enfim, Pilatos o entregou aos soldados por causa da covardia... Por CONVENIÊNCIA.
4. E aí os soldados o CRUCIFICARAM.
Por outro lado, os evangelhos e as evidencias nos mostram que na Cruz:
· Jesus identificou-se com os pecadores;
· Jesus nunca se desviou da cruz;
· Jesus sabia da Sua morte e porque morreria;
· Jesus se entregou pelos pecadores;
· DEUS DEU O SEU FILHO POR AMOR.
Portanto, quem foi então que entregou Jesus para morrer?
Não foi Judas por DINHEIRO
Não foi Pilatos por CONVENIÊNCIA
Não foram os sacerdotes judeus por INVEJA
Deus é que entregou seu filho em sacrifício pelos pecados da humanidade... Pelo meu e pelo seu... Pela INVEJA dos Sacerdotes Judeus, Pela COVARDIA de Pilatos e pela TRAIÇÃO de Judas. Ele... Jesus, aceitou tudo... Por AMOR.
Jesus não foi morto... Jesus morreu, entregando-se voluntariamente para fazer a vontade do Seu Pai que nos amou de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna(João 3:16).
É preciso, no entanto, conservar juntos dois modos de olhar para a Cruz:
No nível humano, Judas entregou Jesus aos sacerdotes, os quais o entregaram a Pilatos, que o entregou aos soldados, os quais o crucificaram. Mas, no nível divino, o Pai – DEUS, o entregou, e Ele se entregou a si mesmo para morrer por nós.
A medida que encaramos a cruz, podemos dizer a nós mesmos:”Eu matei. Foram os meus pecados que enviaram Jesus a Cruz”. E, ainda: “O seu amor o levou a Cruz”.
Vejamos como o apóstolo Pedro une esses dois modos de Olhar a Cruz:
Atos 2:23 - A este, que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de iníquos;
Pedro une as duas verdades da Cruz no dia de Pentescostes, que a morte de Jesus na Cruz se deu simultaneamente pela maldade dos homens e pelo Plano de Deus.
Isto significa dizer o que? Que a Cruz de Cristo tanto representa a expressão da maldade humana, como representa a revelação do propósito divino de vencer a maldade humana.


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